segunda-feira, 13 de março de 2017

Infecções Fúngicas- Candidíase (Vulvovaginal e Oral) e Criptococose

INFECÇÕES FÚNGICAS

CANDIDÍASE

            A candidíase é uma doença causada por fungos do gênero Candida, na sua maioria leveduras (fig. 1), mas podem se apresentar na forma de fungos filamentosos dependendo das condições ambientais e imunológicas do indivíduo, sendo assim classificados como fungos dimórficos (BARBEDO & SGARBI, 2010).
            São fungos que fazem parte da microbiota normal de cada indivíduo e são considerados patógenos, pois, em condições favoráveis ao seu desenvolvimento podem causar doenças como a candidíase bucal e a candidíase vulvovaginal (MORAGUES, 1993).

Resultado de imagem para fungos do gênero Candida
Fig.1- Fungo do gênero Candida em
sua forma leveduriforme.

Candidíase Vulvovaginal

O que é?

            A candidíase vulvovaginal (CVV) é causada principalmente pelo fungo Candida albicans que se desenvolvem de maneira desordenada na mucosa do trato genital feminino, podendo ser encontrada tanto na vulva quanto no canal vaginal (ZIARRUESTA, 2002) (fig. 2). Ela ainda pode ser considerada como candidíase vulvovaginal recorrente, quando ela ocorre mais de quatro vezes durante um ano (PATEL, 2004).


Resultado de imagem para vulvovaginal
Fig. 2- Vulva vaginal infectada por Candida albicans

Transmissão

            Na CVV a transmissão do fungo ocorre pelo contato sexual, porém, essa não é a principal via de transmissão, pois esses fungos fazem parte da microbiota natural da vagina e pode ocorrer através do sexo oral, desde que a pessoa possua a infecção na cavidade oral (TOZZO, 2012).

Sintomas

            Pessoas com CVV podem apresentar sintomas como prurido, corrimento vaginal com aspecto de leite, ardor ao urinar e coceira, sendo agravado no período pré-menstrual, porém, em alguns casos a infecção pode ser assintomática (ROSA, 2004).


Resultado de imagem para prurido vaginal
Fig. 3: "Represetação" dos sintomas da
Candidíase Vulvoginal

Diagnóstico

            O diagnóstico da CVV pode ser feito através de exames laboratoriais, onde é feito a coleta com o auxílio de um swab estéril (instrumento flexível com algodão em uma das extremidades utilizado para coletar amostras clínicas), que consiste na confecção de lâminas para observar a microbiota vaginal a partir da utilização de hidróxido de potássio e na elaboração de meios de cultura para cultivar fungos em temperatura ambiente em um período de 24-72 horas (SDRIM; ROCHA, 2004). (Fig. 4).


Resultado de imagem para candida cultura
Fig. 4: Cultura de fungos do gênero Candida.

Tratamento

            O tratamento de CVV é feito basicamente com o uso de antifúngicos por via oral (fig. 5) ou vaginal (fig. 6), que pode variar no tempo de reação que pode ocorrer de poucos dias e em casos mais graves o tratamento pode ser feito durante um tempo prolongado, cerca de 30 dias ou mais (FEUERSCHUETTE, 2010).


Resultado de imagem para medicamentos fungos vagina
Fig. 5: Representação do uso de medicamentos
via oral para tratamento de candidíase vulvovaginal
Resultado de imagem para pomada vaginal

Fig. 6- Exemplo de medicamento usado via
vaginal no tratamento de candidíase vulvovaginal

TODO E QUALQUER MEDICAMENTO DEVE SER UTILIZADO COM PRESCRIÇÃO MÉDICA

Prevenção

            Para prevenir a CVV é necessário manter uma alimentação saudável, evitar o uso de calças jeans ou nylon, pois esses tecidos aquecem a região da vagina, aumentando a umidade na região e favorecendo a proliferação do fungo (TOZZO, 2010).


Resultado de imagem para alimentação saudável
Fig. 7: Alimentos saudáveis




Candidíase Bucal

O que é?

É uma infecção fúngica muito comum na região oral, onde se apresentam lesões do tipo branco-amarelado, podendo ser agudas ou crônicas dependendo da gravidade da infecção, sendo muito comum em pessoas que utilizam prótese ou aparelho bucal. (Fig. 8).  
Resultado de imagem para candidíase oral
Fig. 8: Cavidade oral infectada com fungos do gênero Candida.

Transmissão

A cândida está presente na microbiota normal, assim não se manifestam em pessoas com um bom estado de saúde, porém existem fatores que fazem com que a candidíase se manifeste com a umidade, temperatura, câncer em estado avançado, estresse e baixa imunidade (ARAÚJO et al., 2013).

Sintomas

Normalmente não apresenta sintomas, porém, podem ocorrer desconfortos como: vermelhidão, ardência e pequenas bolhas esbranquiçadas. (Fig. 9)
Resultado de imagem para afta
Fig. 9: Bolhas (aftas) causadas por infecção de fungos do gênero Candida.

Diagnóstico
          Diagnosticado a partir de exames clínicos e laboratoriais. Outro recurso clínico muito utilizado nos casos de candidíase pseudomembranosa ''sapinho'' é a raspagem das lesões (OLIVEIRA, 2013).
Tratamento
Na indústria farmacêutica existem vários antifúngicos usados no tratamento de infecções fúngicas como a nistatina que pode ser aplicada diretamente sobre a lesão (PEIXOTO et al., 2014).
Resultado de imagem para nistatina remédio
Fig. 10: Nistantina, medicamento usado no tratamento de aftas.


TODO E QUALQUER MEDICAMENTO DEVE SER UTILIZADO COM PRESCRIÇÃO MÉDICA



CRIPTOCOCOSE

O que é?
            Criptococose é uma doença fúngica, conhecida popularmente como torulose, causada pelo fungo do gênero Cryptococcus (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012), (Fig. 11). Possui uma cápsula envolta apresentando o glucuronoxilomanana, componente que determina os tipos sorológicos que são A, B, C, D e AD (KON et al., 2008). São fungos que podem ser encontrados em todo o mundo, ou seja, são cosmopolitas (SANTOS et al., 2006).


Resultado de imagem para criptococose
Fig. 11: Fungo do gênero Cryptococcus


Transmissão
            Ocorre pela inalação dos esporos que o fungo produz, sendo encontrado principalmente em fezes de aves (SANTOS et al., 2006) e de morcegos (OLIVEIRA et al., 2008).


Resultado de imagem para criptococose
Fig. 12: Modo de transmissão da criptococose.
Sintomas
            Os gatos apresentam mudanças na pele como o aparecimento de úlceras e nódulos como também pode apresentar secreção nasal, espirros e bolores granulomatosos causando o famoso "nariz de palhaço" (fig. 13). Os cães podem apresentar depressão, convulsão e andar em círculos. Os humanos podem apresentar febre, tosse, dor torácica e diminuição da visão. Nos animais e também no homem ocorrem lesões no sistema nervoso central (SANTOS et al., 2006). (fig. 14).

Imagem relacionada  
Fig. 13: Gato infectado com fungos do tipo
Cryptococcus,
apresentando bolores granulomatosos


Fig. 14: lesões causadas por fungos do gênero Criptococcus.


Diagnóstico
            Pode ser feito por diversos exames (citológico, micológico, dentre outros) utilizando sangue, soro, tecido, muco e urina do paciente (SANTOS et al., 2006). É um diagnóstico fácil por apresentar um tropismo pelo sistema nervoso central (KON et al., 2008).
Tratamento
            Em humanos os medicamentos mais administrados são a anfotericina B juntamente com a 5-flucitosna ou flucanazol e itraconazol e em animais é recomendado o uso de anfotericina B e itraconazol como também o cetoconazol, flucitosina, fluocitosina, dentre outros. Ressaltamos que todos esses medicamentos devem ser tomados mediante receituário entregue pelo médico ou pelo veterinário (BIVANCO et al., 2006 apud QUEIROZ et al., 2008; LARSSON et al., 2003 apud QUEIROZ et al., 2008; PEREIRA & COUTINHO, 2003 apud QUEIROZ et al., 2008). 


TODO E QUALQUER MEDICAMENTO DEVE SER UTILIZADO COM PRESCRIÇÃO MÉDICA
Prevenção
            Segundo Gerson et al. (2000) não criar pássaros em casa é o melhor a ser feito, mas caso deseje deve-se molhar as excretas dos pássaros para que os esporos não sejam levados pelo vento. (fig. 15).
Fig. 15: Não criar aves em casa.




BONS ESTUDOS!


Texto escrito por: ¹Cinara W.F. Bezerra, ¹Maiara A. da Silva e ¹Patrícia M. da Costa.
Texto revisado por: ²Professora Dr. Marília Sales Cadena
¹ Graduandas de Bacharelado em Ciências Biológicas na Universidade Federal Rural de Pernambuco- Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UFRPE-UAST).
² Professora adjunta da UFRPE-UAST, responsável pela disciplina de Microbiologia e Imunologia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SANTOS, R. P.; CANDIDO, R. C. Diagnóstico Laboratorial da Criptococose. NewsLab - edição 77 - 2006.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Vigilância e Epidemiológica Da Criptococose. Brasília, DF. Abril de 2012.
KON A.S.; GRUMACH AS, COLOMBO AL, PENALVA ACO, WANKE B, TELLES FQ, et al. Consenso em criptococose. Rev Soc Bras Med Trop 2008; 41:524-544.
OLIVEIRA, F.; BAZAN, C.; SOLIVA, A.; RITZ, R., et al. CRIPTOCOCOSE. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, Ano VI – Número 11 – Julho de 2008.
 QUEIROZ, J. P. A. F.; SOUSA, F. D. N.; LAGE, R. A.; IZAEL, M. A.; SANTOS, A. G. Criptococcose – uma revisão bibliográfica. Acta Vet Bras. 2008; 2: 32-8.
PENA, G. O., et al. Doenças Infecciosas e Parasitárias: Aspectos Clínicos, de Vigilância Epidemiológica e de Controle - Guia de Bolso. Brasília: Ministério da Saúde: Fundação Nacional de Saúde, 2000.
ARAUJO, J. E. T. , ARAÚJO, D. F. G. ,BARBOSA, P. G., SANTOS P. S. S., MEDEIROS A. M. C.. Candidíase invasiva e alterações bucais em recém-nascidos prematuros, einstein. 2013;11(1):71-5.
OLIVEIRA, P. S., Protocolo clínico, Almiro Reis Gonçalves Coordenador da Comissão de Educação Continuada do CRO-RJ Fevereiro 2013. Disponível em : <http://www.cro-rj.org.br/pc/fev13.pdf > acesso em: 21/02/2017.
PEIXOTO, J. V., ROCHA M. G. , NASCIMENTO, R. T. L., MOREIRA, V. V., KASHIWABARA, T. G. B., CANDIDÍASE - UMA REVISÃO DE LITERATURA , V.8,n.2,pp.75-82 (Set - Nov 2014).
BARBEDO, L. S.; SGARBI, D. B. G. Candidíase.  Jornal brasileiro de doenças sexualmente transmissíveis, Rio de Janeiro, v. 22, nº 1, p. 22-38, 2010.     
FEUERSCHUETTE, O. H. M.; SILVEIRA, S. K.;  FEUERSCHUETTE, I.;  GRANDO, L.; CORRÊA, T.;  TREPANI, A. Candidíase vaginal recorrente: manejo clínico. FEMINA, v. 38. Nº 02, 2010.
MORAGUE, M. D. et al.  A monoclonal antibody directed against a Candida albicans  cell wall monnoprotein exerts three anti- C. albicans  activities. Infec Immun, v. 71, p. 5273- 79, 2003.
PATEL, D.A. et al, Risk factors for recurrent vulvovaginal candidiais in women receiving maintenance antifungal therapy: results of a propective cohort study.  Am J Obst Gyn, v. 190, p. 644-53, 2004.
SIDRIM, J. J. C.; ROCHA, M. F. G. Micologia médica à luz de autores contemporâneos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
ROSA, M. I.; RUMEL, D. Fatores assiciados à candidíase vulvovaginal: estudo exploratório. Rev Bras Ginecol Obstet. v. 26, n.1, p. 56-70, 2004. 
ZIARRUTA, G. B. Vulvovaginitis candidiástica. Rev Iberoam Micol, v. 19, p.-22-4, 2002.
TOZZO, A. B.; GRAZZIOTIN, N. A. Candidíase vulvovaginal. PERSPECTIVA, Erechim. v.36, n.133, p.53-62, março/2012

REFERÊNCIAS DAS IMAGENS

Fig 1: pt.medicine-worlds.com
Fig. 2: grdedall.blogspot.com.br
Fig. 3: saude.umcomo.com.br
Fig. 4: pt.slideshare.net/marcosnala/identificacao-levedurasinteressemedicoppt
Fig. 5: melhorcomsaude.com/como-prevenir-infeccoes-vaginais/
Fig. 6: metronidazol.com.br/metronidazol-creme-e-gel/

Fig. 7: pt.wikipedia.org/wiki/Vegetarianismo
Fig. 8: e.wikipedia.org/wiki/Kandidose
Fig. 9: commons.wikimedia.org/wiki/File:Aphthe_Unterlippe.jpg
Fig. 10: bulasderemedios.com/bula-do-nistatina-antifungico/
Fig. 11: commons.wikimedia.org/wiki/File:Cryptococcus.jpg
Fig. 12: criptococosenaenfermagem.blogspot.com.br/
Fig. 13: clinicaveterinariaejea.com/nina-y-su-carcinoma-de-celulas-escamosas/
Fig. 14: mesquitacomovai.com.br/saude/?p=388
Fig. 15: http://blog.brcondos.com.br/como-evitar-pragas-nos-condominios/

6 comentários: